segunda-feira, 23 de maio de 2011


Hate is easy, love takes courage(...)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Cilada

Noites atrás vi num sonho maluco uma coruja com olhos grandes e acordei chorando,
logo eu que adoro sorrir (...), devo confessar: tive medo. “Em verdade temos medo, faremos casas de medo, duros tijolos de medo, medrosos caules, repuxos, ruas só de medo e calma”.
Cai numa armadilha, ultimamente tenho achado que os Astros Celestes do acaso estão receosos comigo, me colocando em ciladas. Estranho como nos é imposto andarmos com pés colados no chão, como é cobrado: não erre, não peque, não mate (difícil tarefa essa para os lunáticos e radicais).
Venho andado com versos prontos e cifrados, dicas pra mim mesma, minhas reminiscência vagas e soltas por vezes me sufocam, me prendem, por vezes me dizem o melhor a se fazer (pois desconheço a palavra “certeza”), nada é certo nessa vida, lembranças vagas e apagadas: eu preciso de vocês com todos os detalhes possíveis, com direito a vírgulas e excamações, ah, se vocês soubessem como é doloroso esquecer..sinto muito pelos meus erros sociedade, sinto muito Astros Celestes, mas creio que vocês tenham uma pequena contribuição nessas minhas desventuras, ando perdendo versos bonitos e jogando fora as cartas da estante junto com a minha imagem do espelho que tem por rotina o oposto,o real.

Certamente minhas manias de inferioridade e inseguranças tem me incomodado, (não chamo sua atenção e não te procuro porque sempre acho que você está fazendo algo mais importante do que falar comigo, como se eu fosse uma espécie de plano inferior, um passatempo pras horas vagas, um “remédio-pra-curar-o-tédio”), incomodo esse parecido com o que sinto por seres sem importância, vagos e superficiais, descobri que sou intensa, ou gosto muito muito ou desprezo banalmente de modo psicológico (pois assim evito aborrecimentos e gente chocada pela qual também não iria dar à mínima), tenho uma mania de sinceridade de vez em quando, que só quem consegue me deixar bem a vontade numa conversa sabe, como se me desvendassem, descobrindo o significado de cada receio e hesitação minha.

Cometo o “erro” certas vezes de por em um ponto o que sinto em milênios, não sei se posso classificar este fato como um erro ou meu jeito de ser simplesmente, (conseqüência disso são as pessoas interpretarem de modo diferente o que insisto em dizer), mas não sei bem se isso é o reflexo da minha tendência patológica em procurar exageradamente a perfeição quanto a textos e assuntos lexicais- “perfeccionismo gramatical”.

De uma coisa eu tenho certeza: ando tendo um gosto pelas coisas que (infelizmente) raramente vejo e tenho a leve impressão de expressar reações opostas quando preciso mostrar alguma feição de surpresa (talvez, seja esse o motivo de não gostar muito de surpresas- a falta de preparo psicológico), mas provavelmente, eu iria gostar muito de qualquer surpresa vinda de sua parte (ando precisando de uma certa ajuda do Deus do Acaso - este que anda bastante ausente em meus dias claros).

Dia desses me disseram que o maior Deus é o acaso, eu como uma criança ingênua, acreditei. Será mesmo o acaso, o responsável por toda essa fé depositada? Doce acaso, seja doce comigo também, (…) come up on different streets, they both streets were shame, / both dirty, both mean, yes, and the dream was just the same /, and I dreamed your dream for you, and now your dream is real (…)

You can fall for pretty strangers and the promises they hold, but you forgets to fall for yourself.




(...) Adeus: vamos para frente, recuando de olhos acesos, nossos filhos tão felizes...

Fiéis herdeiros do medo.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

" Não nasci pra ser simpático, não deixo nem levo saudade(...)"

terça-feira, 26 de abril de 2011

-The letter-

Breve análise tua:

Garota revolucionária, anti-conservadora, totalmente alternativa, que foge do senso comum, por vezes aprecia atos ilícitos e assuntos lunáticos, considera-se insegura, (mas a meu ver é apenas extremamente indecisa quanto à escolha de suas roupas), tem uma paixão platônica pela vida universal e por um cantor mexicano que combina elementos do Leste Europeu e do folk, ama a noite e por último, mas não menos importante: totalmente aquariana,(você é assim, meio apaixonada pela vida mesmo).

Às vezes me pego perguntando se vou conseguir ficar longe de você daqui pra frente cara amiga.Acho que nessa vida nunca mais vou encontrar alguém a quem eu dedique tanto amor não dito como eu tenho por você. Tenho uma espécie de receio louco: lembrar-me nostalgicamente do tempo em que éramos felizes e me sentir triste. ‘E por medo das partidas, ela não deixava ninguém chegar’, de me sentir triste pensando em você quando estivermos longe e eu não puder mais te ver, mas apesar de tudo, ainda bem que te encontrei nesse mundo de meu Deus, ‘ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas. 'Você vê uma essência em mim (aliás, algo que você adora é a essência das pessoas), um ar maduro que confesso não ter, apenas aparentar.

Difícil tarefa essa de escrever pra você, eu que costumo escrever pra mim ou de me colocar no lugar do outro pra ter outras visões e conhecer outras opiniões. Sou bipolar, tenho fases, ter apenas um modo de enxergar os fatos deve ser tediante, já basta ter a mesma cara todo dia, vamos abusar dos nossos pensamentos, analisar de vários ângulos. Você com suas conversas confusas e incomuns, sem querer ensinou-me a entender os motivos dos erros dos outros, pra eles (infelizmente) certas coisas (cujo assunto daquela conversa você deve lembrar) não são tão erradas assim quanto são pra mim, o segredo é entender que tudo parte das experiências (não) vividas.

Por vezes, é isso, quando você voltar de viagem, conte-me suas novidades pra que eu possa me prender nesse emaranhado de palavras novamente, ‘nesta cidade onde estamos presos e livres, soltos e amarrados’.Amo-te, mas certas coisas é melhor não ficar espalhando pros sete ventos, qualquer dia desses eu te faço uma visita pra devolver aquele livro doido ou a gente acaba se encontrando pelas esquinas noturnas.

My hipster.

PS: Texto fruto do nosso caso de amor com a noite.



quarta-feira, 23 de março de 2011



Sem pontos finais


Uma ausência de fins, me irrita esse não saber, às vezes crio asas e parto para bem longe, não se deve usar as palavras para curar suas mágoas, mas você bem deve saber...
E esse papel em branco que eu quero manchar, borrar, sujar com esse vazio dos fins, com essa dificuldade de por os pontos finais, de lembrar-se das regras. Ora! Precisamos de regras ao escrever? Se usamos regras ao escrever, por que nos esquecemos delas ao falar? Já que a voz grita mais, é mais explicita. Mas veja só essas contradições da vida, às vezes usamos regras para escrever o que nem deve ser escrito!
E quanto aos nomes, para que esses nomes? Trata-se de sentir, de entender, não precisamos de início, queremos o clímax!(hoje quero mesmo falar sobre esses detalhes), pois se a gramática fosse minha... Ai, ai.
Maiúsculas, pontos, vírgulas, interrogações, exclamações, há quem diga que se trata de coesão: ‘Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o relacionamento existente entre si.”
Pois pra mim, de vez em quando vejo apenas enfeites vazios (não quero fazer um bonito-texto), quero um bom-texto, ausente de enfeites, simples, pois quanto mais simples, mais limpo, tem coisas que já andam tão sujas...
Mas e quanto aos fins? No fim, eu fico aqui, analisando, buscando sentidos, esquecendo horários, só para não colocar esses pontos finais, só para mostrar meu apego com palavras, você bem deve saber.



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Consequencias tragicas, que a sociedade, os costumes e as leis proibem.

Sabe, existem coisas que nos não podemos prever e muito menos esperar.
Coisas que se embrenham em nossa memória e se fundem em nossas lembranças.
Coisas não! Pessoas.
Eu sei que o silencio e o inverno, a solidão e a noite me emprestam essa composição ingênua e sublime, efeito da natureza, mas às vezes você encontra pessoas que te mostram, que a solidão nem sempre é bem vinda e que o inverno é bom sim, mas em parte.
Algumas vezes eu ouço uma voz que sai de dentro da minha seiva, me perguntando: Por que você se recusa pedir ao amor tudo o que o amor a privou? Acredita estar sua vida terminada onde, para você ela está apenas começando. Entregue-se aos cuidados de um amigo. É tão doce ser amado!
É preciso amar, você sabia?Bem, não devo, nem posso.
Alem de ti, cuja amizade lança certa doçura em minha vida, nenhuma conversa me agrada. Talvez você não deva se envolver, nem eu, pois posso ser egoísta, talvez ate um pouco dramática, se tu desanimares, muito bem! Permanecerei solitária e fiel. Afinal, que homem pagaria esse preço por meu coração?Nos poderemos sofrer, na verdade não seria um erro acreditar que os sentimentos se reproduzem?Uma vez desabrochados, não permanecem sempre no fundo do coração?Ali se acalmam e se despertam dependendo dos acidentes da vida; mas ali permanecem. Esse ensino cruel e triste é sempre fruto de nossas primeiras dores, dores presas ao nosso egoísmo, dores que nos levam a matar o sentimento que nos leva a felicidade, mas acalme-se, pois essas aflições são passageiras.

Não consegui sair dessa crise sem algumas mudanças poéticas: ou toma caminho para o céu, ou se permanece aqui embaixo, entra na sociedade para mentir a sociedade, para construir imagens; brincar, calcular, rir, chorar. E essa dor pungente é geralmente causada pelos mesmos motivos, ah belas decepções!Ficamos presos nos amores reprimidos. E por que essa infelicidade jamais teve pintor ou poeta?Será que pode ser pintada e cantada?


Se algum amor estranho nasceu de repente em meu coração, minha vida cheia de inocência, minha alma pura e piedosa deram-me provas demais de caráter para que eu acredite que não tenho a energia necessária para dominar um movimento de loucura. Minha conduta esconde um mistério. Bem, meu coração é um coração cheio de indulgência, você pode confiar-lhe tudo; mesmo que o dilacere, saberei calar meus sofrimentos e manter um silêncio fiel quanto a sua confissão. Pesa em sua alma alguma desilusão amorosa?Sente-se infeliz aqui?Fale, explique-me os motivos que o levam a privá-lo de seu maior encanto, pois não achas que o torpor de um amor incondicional pesa mais em seu coração do que formalidades do dia-a-dia?

E de repente ela te vira do avesso, e então você percebe que o avesso é o seu lado certo.

Minha Muito Querida Clare
- A carta.

Escrevo esta carta sentado à minha secretária no quarto das traseiras, a olhar para o teu estúdio do outro lado do jardim interior, cheio de neve azulada pelo anoitecer; está tudo escorregadio, coberto por uma crosta de gelo e muito silencioso. É uma daquelas noites de Inverno em que o frio de cada coisa parece tornar o tempo mais vagaroso, como o centro estreito de uma ampulheta pela qual o tempo flui, mas lenta, muito lentamente. Tenho a sensação, que me é muito familiar quando estou fora do tempo mas quase nunca noutras circunstâncias, de estar a boiar no tempo, a flutuar passivamente na sua superfície, sem esforço, como uma nadadora gorda. Esta noite, aqui em casa sozinho (tu foste ao recital da Alicia no St. Lucy’s), senti um desejo repentino de te escrever uma carta. Quis, de súbito, deixar alguma coisa para
depois. Penso que o tempo é pouco, agora. Sinto que todas as minhas reservas de energias, de prazer, de duração, se tornaram escassas, pequenas. Não me sinto capaz de continuar muito mais tempo. Sei que tu sabes.

Se estás a ler isto, provavelmente estarei morto. (Digo provavelmento porque nunca sabemos que circunstâncias podem ocorrer; parece-me idiota e presunçoso declarar simplesmente a nossa morte como um facto absoluto.) Quanto a esta minha morte, espero que tenha sido simples, clara e inequívoca. Espero que não tenha causado muita agitação. Lamento. (Isto parece um bilhete de suicídio. Estranho.) Mas tu sabes: sabes que se eu pudesse ter ficado, se pudesse ter continuado, ter-me-ia agarrado a cada segundo: o que quer que esta morte tenha sido, sabes que ela chegou e levou-me, como uma criança arrebatada por trasgos.
Clare, quero dizer-te, de novo, que te amo. O nosso amor foi o fio para me guiar no labirinto, a rede debaixo do homem que caminha no arame, a única coisa real desta minha estranha vida em que pude confiar. Esta noite sinto que o meu amor por ti tem mais densidade neste mundo do que eu próprio: como se ele pudesse permanecer depois de mim e envolver-te, suster-te, amparar-te.
Detesto pensar em ti à espera. Sei que esperaste por mim toda a tua vida, sempre incerta quanto à duração desse tempo de espera. Dez minutos, dez dias. Um mês. Que marido incerto eu fui, Clare, como um marinheiro, Odisseu sozinho e fustigado por ondas altas, umas vezes astuto e outras apenas um joguete dos deuses. Por favor, Clare, rogo-te. Quando eu morrer… pára de esperar e sê livre. De mim. Guarda-me profundamente dentro de ti e depois sai para o mundo e vive. Ama o mundo e a ti mesma nela, movimenta-te nele como se não oferecesse nenhuma resistência, como se o mundo fosse simplesmente o teu elemento natural. Dei-te uma vida de animação suspensa. Não pretendo dizer que não fizeste nada. Criaste beleza, e sentido, com a tua arte, e Alba, que é tão espantosa, e para mim… para mim foste tudo.
Depois de morrer, a minha mãe devorou por completo o meu pai. Uma coisa que ela teria detestado. Cada minuto da vida dele, depois da sua morte , foi marcado pela ausência dela, a cada acto dele faltou dimensão, porque ela não estava lá para servir de bitola. Quando eu era jovem não compreendia, mas agora sei, sei como a ausência pode estar presente como um nervo danificado, como uma ave negra. Se tivesse de continuar a viver sem ti, sei que não seria capaz. Mas espero, tenho esta visão de ti a caminhar solta, livre, com o teu cabelo luminoso ao sol. Não vi isso com os meus olhos, mas apenas com a minha imaginação, que cria imagens, que sempre quis pintar-te, cintilante; mas, de qualquer modo, espero que esta visão se torne realidade.
Há uma última coisa, Clare, uma coisa que tenho hesitado em dizer-te porque tenho um medo supersticioso de que, dizê-la, possa fazer com que não aconteça (tolice, eu sei) e também porque acabo de falar a respeito de não esperares e isto pode fazer-te esperar mais tempo do que alguma vez esperaste antes. Mas vou dizê-la, para o caso de precisares de alguma coisa, depois.
No Verão passado, estava na sala de espera do Kendrick e, de súbito, encontrei-me num corredor escuro, numa casa que não conheço. Tive a impressão de tropeçar em galochas e cheirava a chuva. Ao fundo do corredor vi uma fresta de luz à volta de uma porta e, por isso, avancei muito devagar e silenciosamente e espreitei para o interior. A sala era branca e estava intensamente iluminada pelo sol matinal. Sentada à janela, de costas para mim, estava uma mulher com um casaco de malha cor de coral e comprido cabelo branco caído pelas costas abaixo. Tinha uma chávena de chá ao lado, numa mesinha. Devo ter feito algum ruído, leve, ou então ela sentiu a minha presença atrás de si… Virou-se e viu-me, e eu vi-a…e eras tu, Clare, eras tu, idosa, no futuro. Foi terno, Clare, foi indizivelmente terno surgir, como se regressasse da morte, para te admirar, para ver a marca de todos os anos decorridos presente no teu rosto. Não te digo mais nada, para poderes imaginar, para poderes flui-lo em primeira mão quando o tempo chegar, como chegará, como chega. Voltaremos a ver-nos, Clare. Até lá, vive, vive plenamente, presente no mundo que tão belo é.
Já escureceu e estou muito cansado. Amo-te, sempre. O tempo é nada.
Henry.